Pesquisador desenvolve método sustentável para purificar água com sementes de moringa


Em meio aos desafios do semiárido nordestino, onde o acesso à água potável ainda é uma realidade distante para milhares de famílias, um pesquisador da Universidade Federal do Piauí (UFPI) está chamando a atenção da comunidade científica com uma descoberta simples, mas transformadora: o uso das sementes da árvore de moringa oleifera para purificar água contaminada.

O professor doutor Ricardo Loiola, do Departamento de Engenharia Ambiental da UFPI, vem desenvolvendo há cerca de três anos um método que utiliza o pó das sementes secas de moringa como coagulante natural — substituindo produtos químicos tradicionais, como o sulfato de alumínio, largamente empregados em estações de tratamento.

“É fascinante como a natureza nos oferece soluções que, muitas vezes, estão bem à nossa frente”, conta Lucas, enquanto prepara uma demonstração em laboratório. “As sementes da moringa contêm proteínas com propriedades coagulantes e antimicrobianas. Quando trituradas e dissolvidas na água turva, elas atraem partículas de sujeira e microrganismos, formando flocos que decantam naturalmente. O resultado é uma água significativamente mais limpa — e, dependendo da fonte inicial, até adequada ao consumo após filtração simples.”

O processo, testado em amostras coletadas em comunidades rurais de São Raimundo Nonato e Bom Jesus, reduziu em até 95% a turbidez e cerca de 80% da carga bacteriana, segundo dados preliminares do estudo. E o melhor: tudo isso com um custo reduzido — a moringa é uma planta resistente à seca, de crescimento rápido e fácil cultivo, já presente em várias regiões do Piauí.

Mas o pesquisador alerta: o método não substitui totalmente os sistemas convencionais de desinfecção, como a cloração ou fervura. “É uma etapa preliminar poderosa, especialmente em situações de emergência ou onde a infraestrutura é precária. Pode ser usada, por exemplo, por famílias em cisternas ou em ações de assistência humanitária”, explica.

A iniciativa já despertou interesse de organizações não governamentais e da Secretaria de Meio Ambiente do Estado, que enxergam no projeto um potencial para ser integrado a políticas públicas de segurança hídrica. Uma oficina prática com agricultores familiares está prevista para o primeiro semestre de 2026, com o objetivo de capacitar comunidades a produzir seu próprio “filtro verde”.

Para dona Maria das Graças, 68 anos, moradora da zona rural de São Raimundo Nonato, a novidade traz esperança. “Antes, a água do açude só servia pra regar. Agora, com esse pó da semente, dá pra beber depois de coar e ferver. É como se a árvore tivesse um dom — curar a água e, de quebra, ainda dá folha pra sopa e vagem pra vendê no mercado”, conta, sorrindo.

A moringa oleifera, conhecida como “árvore milagrosa” em diversos países africanos e asiáticos, ainda é subutilizada no Brasil — mas pesquisas como a de Lucas Mendes podem ajudar a mudar esse cenário, valorizando o conhecimento tradicional e a ciência aplicada em prol da sustentabilidade e da justiça social.

Fonte: Cidade Verde — Viva Piauí

Crédito das fotos: Laboratório de Análise Ambiental da UFPI / Arquivo UFPI



Via Piauí

Construindo um Estado de Felicidade em nosso Piauí.

Postar um comentário

Obrigado por sua mensagem. Em breve retornaremos seu contato e isso será um prazer a todos nós. Não vai demorar muito, tudo bem? Aproveite e leia mais nosso conteúdo.

Postagem Anterior Próxima Postagem